segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Palpite Infeliz


"Quem é você, que não sabe o que diz? Meu Deus do céu, que palpite infeliz..." A música de Noel Rosa bem poderia servir para 90% dos palpites que as grávidas e recém-paridas ouvem durante todo esse delicado período. "Você já fez uma cesariana? então não pode mais ter parto normal!", "sua barriga tá muito baixa, cuidado!", "tem mulher que tem leite fraco e não consegue amamentar...", "parto normal deixa a mulher larga", "vc vai aguentar ter parto normal? é muita dor!", "mas o bebê só mama no peito, você não dá nem uma aguinha pra ele?". Essas são algumas das frases que costumamos ouvir de parentes, amigos e até de desconhecidos. O pior é que, por vezes, mesmo médicos vem com a conversa de que a mulher não tem leite ou que o leite é fraco e precisa de suplementação de mamadeira.
Para nos empoderarmos e tomarmos as rédeas da gravidez, do parto e da amamentação, é preciso que estejamos bem informadas e muito seguras do que queremos. Existem muitos mitos envolvendo esses processos e basta a barriga despontar para sermos assoladas por eles. Como estamos sensíveis, inseguras às vezes, acabamos sucumbindo a essa "sabedoria" propagada por pessoas que são até bem intencionadas (nem sempre!), mas que ignoram muitas coisas que já são científica e empiricamente comprovadas.
Sobre o parto, é mito que quem faz cesárea uma vez, não possa mais ter parto normal. Há inúmeros relatos em sites como http://www.amigasdoparto.com.br/ que contrariam tal crendice.
Em relação à amamentação, já é sabido que não existe leite fraco, que um bebê se desenvolve muito bem com amamentação exclusiva até 06 meses ou mais, sem precisar de água, chás, sucos e outras bebidas ou comidas. Toda mulher saudável é capaz de amamentar e é possível buscar ajuda em grupos como as Amigas do Peito (http://www.amigasdopeito.org.br/).
É importante procurarmos redes de apoio e profissionais realmente comprometidos com o protagonismo feminino, com a amamentação, com o parto fisiológico.
Enfim, ninguém sabe mais de nossos corpos, vontades e possibilidades do que nós mesmas. Eu, quando estou com paciência, rebato os palpites infelizes com as informações de que disponho. Caso contrário, me limito a sorrir, e sigo em frente fazendo tudo do jeitinho que eu acredito.

4 comentários:

  1. Boa noite, professora. Fui sua aluna em uma disciplina na Uff, em 2003 ou 2004, e provavelmente a senhora não lembra de mim. Contudo, já "passei" por seu nome inúmeras vezes na internet: lendo o Fazendo Média, procurando material para uma pós em Criminologia, lendo sobre parto natural...parece que temos muito em comum!
    Desejo, de coração, um parto abençoado e tranquilo, e que seu filho conheça um mundo melhor do que o mundo que conhecemos.
    Um grande abraço,
    Aline Brito.

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  2. Querida Adriana,
    Acho muito lindo como você vive cada momento seu com muita intensidade. Pena não ter engravidado depois do seu blog porque com a minha Julia (rs) não tive essa (eterna) orientadora para me auxiliar! O blog está muito lindo e você também! Parabéns!!! Beijos, Samantha.

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  3. Putz, nem me fale em palpite infeliz, já ouvi um bocado deles, dei resposta atravessada pra uns, desprezei outros e dialoguei com quem foi possível...Mas o que me choca é perceber como as pessoas são intrometidas e se acham no direito de opinar na sua vida sem ser convidadas. Dizem umas amigas minhas (mães) que depois que o bebê nasce é pior. Realmente precismos nos fortalecer tanto para informar com aquilo que sabemos, que não é mito, etc, quanto para apontar a profunda falta de educação e sensibilidade das pessoas. Agora, não sei o que acontece comigo, me sinto mais sensível para algumas coisas, acho que nas relações mais íntimas...mas para outras coisas, como os palpites, por exemplo, virei um leoa, fiquei mais forte, não ando aturando qualquer papo, rsrsrs. Tô adorando esse blog :)

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  4. Queridas,
    Que bom trocar essas coisas com vcs! Andreza, é verdade sim que qdo os bebês nascem os palpites e atitudes infelizes se tornam piores. Uma vez quase espanquei uma mulher no Plaza. Num momento meu de distração, ela deu um sorvete babado do McDonalds pra Giulia, de apenas 6 meses, lamber. Voei em cima dela como uma leoa, como vc diz, e a dita cuja me respondeu: "ela estava olhando tanto... achei que estava querendo..." E ficou me olhando com cara de quem diz "mulher fresca!". rs É dura a nossa vida, amigas... rs
    beijos carinhosos a todas,
    Adriana.

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